Por José Joacir dos Santos
Na milenar China, a leitura e a escrita eram privilégios de monges em seus monastérios e da elite governante em seus palácios. Os templos utilizavam das imagens pintadas e da simbologia mitológica para passar os ensinamentos sagrados tanto quanto a medicina, que ainda hoje a oficial é a tradicional, isto é, a holística. Os gestos e as mãos conservaram a importância dada no budismo tibetano (mudras) para expressar o mais significativo. Isto é, quando começar a “ler” uma tanka (pintura de uma entidade), por exemplo, se deve começar observando o que a figura pintada tem nas mãos.
Não me surpreende que a energia da compaixão e do perdão de Kuan Yin tenha inspirado, ao longo dos séculos, os pintores, insistentemente, a pintá-la segurando ramos de salgueiro, ou circundada por eles, ou com ele impresso em suas vestes ou ainda, mais simbolicamente, junto ao “doce orvalho” do vaso que sempre carrega consigo. As ervas medicinais sempre foram a base de sustentação de toda a cultura asiática pré e pós budista. O “doce orvalho” da compaixão, associada ao Salgueiro, é o recado perfeito.
Onde será que o Dr. Edward Bach buscou inspiração para a criação de Willow (salgueiro)? Não posso afirmar nada, mas é curioso, especialmente quando se sabe que o Império Britânico tinha domínios na Ásia, incluindo Hong Kong. A essência floral Willow, do sistema do Dr. Bach, é indicada para ressentimentos, rancor, amargura, sentimento de injustiça pela vida, exatamente o que prega Kuan Yin com o seu “doce orvalho”. Será que Kuan Yin inspirou o Dr. Bach? Tudo é possível neste mundo!
Os aspectos positivos do floral são: otimismo, positivismo, assumir a responsabilidade por sua própria vida e felicidade. A mensagem de Kuan Yin não é outra senão compaixão e perdão, reabilitação do amor interior que leva à plenitude da alegria e da felicidade, o caminho para a aceitação e a correção das imperfeições e desenlaço dos nós cármicos!
Por que será que o “doce orvalho” é colhido nos ramos do salgueiro? Martin Palmer, Jay Ramsay e Man-Ho Kwok, dizem no livro “Kuan Yin, Myths and Prophecies of the Chinese Goddess of Compassion”, publicado em 1995, que “o ramo de salgueiro é o importante símbolo das virtudes no budismo chinês (eu diria oriental). Tem a reputação por sua habilidade de se dobrar diante dos mais fervorosos ventos e de se recompor depois da tempestade – humildade e mansidão para atingir a compaixão e o perdão.
O choroso salgueiro também simboliza compaixão pelas doenças do mundo, as quais são exemplificadas nos ensinamentos budistas, notavelmente no Lótus Sutra”, um dos mais antigos textos sagrados do budismo. O salgueiro é também um antigo símbolo chinês da fecundidade e assim naturalmente associado a Kuan Yin, que é freqüentemente pintada com o que é conhecido como cinto de salgueiro”. A entidade Kuan Yin teve a oportunidade, inúmeras vezes, de não mais reencarnar na Terra mas sempre recusou a oferta. Ela, como um enorme grupo de seres espirituais, tem um grande amor pelo planeta e cada vez mais se compromete a dar um empurrãozinho na nossa evolução espiritual, porque sabe que por trás de tudo isso há um grande projeto de luz e amor.
Na Ásia é muito comum mulheres pedirem a Kuan Yin ajuda para engravidar ou na gravidez. Os autores acrescentam que o salgueiro é um importante elemento no xamanismo chinês, usado em exorcismo e tido como afastador de demônios. Olhe bem para as pinturas acima, que ninguém sabe quantos séculos têm, e veja o que ela nos mostra! Nas pinturas de mais de 600 anos nas cavernas chinesas, Kuan Yin aparece sempre com o cinto de ramos de salgueiro.
Veja o livro do autor: Kuan Yin na Minha Vida