Por José Joacir dos Santos
Com a chegada do coronavirus (COVID-19), o Planeta inteiro foi forçado a rever costumes, pensamentos, procedimentos, higienização e relacionamentos, entre muitas outras coisas. Enquanto o uso de máscaras se tornou obrigatório e essencial, numa tentativa de diminuir a contaminação, caíram máscaras políticas. Lavar as mãos não é mais por finura ou educação, mas por proteção contra um dos mais perigosos vírus.
No Brasil, empurrada pelos crescentes funerais, a população foi obrigada a ver e enxergar, pelas câmaras da televisão, o despreparo e o descaso de políticos, desde os municipais aos federais. Foi obrigada a ver hospitais, pelo país inteiro, de fachada, acostumados a arrancar dinheiro da população sem investir em equipamentos básicos. Governadores e prefeitos sentados em seus gabinetes esperando a morte chegar.
Na hora da morte, e acostumada a falar mal do Sistema Único de Saúde, a população agora só conta com os hospitais públicos, onde funcionários de saúde morrem por falta de proteção básica e infraestrutura. E o pior: é a mesma rede pública de saúde que políticos queriam acabar nos comícios e palanques. Claro que a classe médica também apoiou essa iniciativa. Por ironia do destino, o vírus começou a matar nas classes média e alta, levando consigo médicos e enfermeiros.
Em meio a essa pandemia assustadora, pior que uma guerra bélica, surge a positividade tóxica, onde o pior exemplo veio de onde ninguém esperava: o presidente da República, empenhado em diminuir o perigo que a população teria que enfrentar, mesmo sendo aconselhado pela maior autoridade de saúde do Planeta: a Organização Mundial da Saúde. Ainda é cedo para definir melhor a positividade tóxica, mas já podemos dizer que é uma nova roupa da negação, talvez oriunda de um passado sem bases mentais sadias. Seria aquela pessoa que diante da pandemia, com milhares de pessoas morrendo no mundo inteiro, diz: vai passar! É coisa de comunista! Vai passar! Essa expressão é bem conhecida na nossa cultura; é a mesma coisa que dizer: deixa prá lá, isto é, empurrar com a barriga a situação para evitar enfrentamento.
A negação é corriqueira entre pessoas oriundas de religiões fundamentalistas ou de famílias com histórico de violência. Os pentecostais de plantão acham-se escolhidos, salvos, únicos, exclusivos, especiais e muitas deles confundem o novo e o velho testamentos – reflexo da falta de fundamentos básicos de suas seitas. Repetem frases, invadem a privacidade de pessoas, querem “doutrinar” com a desculpa de “salvar”. Quem salva quem? Repetem frases do antigo testamento numa clara negação do momento presente. Nunca o país teve uma interferência tão radical e tóxica de valores como a estamos vivendo neste início do século XXI.
Terapeutas holísticos sem formação sólida e pessoas comuns, cheias de boas intenções, embarcam na difusão da positividade tóxica. Bombardeiam as redes sociais de frases bonitas e positivas, ignorando cemitérios e hospitais superlotados e despreparados para uma situação emergencial. Enquanto isso, pessoas brigam para entrar em transportes coletivos sem se preocupar com o vírus porque em suas cabeças só aparecem as “contas para pagar”.
Pessoas se ajoelham nas portas de hospitais pedindo tratamento. Faltam profissionais de saúde e muitos deles já foram contaminados pela exposição despreparada no trabalho, alguns deles, quem sabe, achando que salvar os outros era a prioridade. Apoiados por liderança política federal, outros vão para as ruas, de carros bonitos, protestar para não ficar em casa, para abrir seus comércios, talvez pensando que a vida é para sempre. No meio da pandemia, o ministro da saúde, que encarou de frente a situação. Aparentemente, foi demitido porque estava ficando mais famoso que o chefe.
Viver em consultórios bonitos, receitando medicamentos sabidamente cheios de contraindicações, é um trabalho muito fácil, onde o dinheiro corre solto e rápido. No Rio Grande do Sul, a gerente de um hospital disse em rede nacional de televisão que seu hospital iria fechar porque não estava dando lucro com a pandemia. Mas, que medicina é essa? Demitiu funcionários enquanto hospitais públicos mendigam por eles. Não teve a preocupação de tentar dialogar com o governo para resolver seus problemas de caixa…
A negação, vestida de positividade tóxica, se expressa de várias maneiras. Basicamente é negar que a vida é cheia de altos e baixos, onde os momentos baixos podem servir de reflexão, tentativa de aprendizado, de evolução de nossas personalidades tão afogadas na necessidade de sobrevivência. Ser positivo não é negar que a situação existe. É encontrar uma fórmula para enfrentar e resolver, da melhor maneira possível, o que estiver pela frente. Como demitir um ministro que está dedicando tempo integral a problemas de saúde de um país continental? A imprensa diz que ele não queria obedecer às ordens do chefe. Dizem que forçavam ele a aceitar o uso de medicamento não aprovado pela comunidade científica (cloroquina).
Olhar para o lado positivo das coisas é amadurecimento emocional. A saúde mental depende da capacidade do indivíduo de se equilibrar diante daquilo que aparece nas sua frente, quer goste ou não. Lidar ou aprender a lidar com diferenças é fundamental para o equilibro emocional e mental. Muita gente fica presa no processo evolutivo por questões emocionais e mentais não resolvidas ou não enfrentadas, por várias razões, inclusive por medo.
Ter fé na vida e no universo é uma necessidade humana, mas isso não quer dizer que você viva mais para o céu sem os pés no chão, bem aqui, na terra. Ser positivo e otimista é alavancar o conhecimento humano de que podemos mudar sempre e para mudar o indivíduo necessita saber qual o conteúdo encalhado. Só quem consegue ver com clareza o conteúdo encalhado é quem sobrevive melhor porque utiliza da força interior para modificar, reconstruir, reerguer tudo o que impede a felicidade, a prosperidade, a abundância, a imunidade e, acima de tudo, o medo.
A negação ou a positividade tóxica travestida de negação é um dos caminhos percorridos pelos miasmas físicos e mentais, habitantes invisíveis do mesmo universo em que vivemos. Eles estão prontos para agir nas correntes mentais coletivas e aproveitam ondas de ódio como a que se estabeleceu no Brasil em passado recente, com objetivos eleitorais para derrubar a Presidenta Dilma. Obviamente que aquela gente que espalhou Fake News sabia o que fazia. Havia muitas maneiras e possibilidade de colocar corruptos na cadeia. Mas, preferiram inflamar com ódio a população. Até hoje, depois que o PT desapareceu do mapa, tem gente ainda que sai do sério quando ouve essas duas palavras. Isto é, a lavagem cerebral foi um sucesso absoluto e o ódio parece que venceu.
Espiritualistas avisaram que estávamos sob ataque dos atores da escuridão da luz, mas ninguém queria ouvir nada disso. Médiuns famosos e sérios alertaram sobre tal conspiração, mas a população, especialmente a mais jovem, estava surda, congelada, manipulada e disponível. Bom para os miasmas!
Os miasmas se fortaleceram e materializaram um vírus exatamente em dos lugares do mundo onde mais gente foi morta pelo ódio ideológico que se apoderou do mundo a partir de 1917. A esquerda política se ergueu com ódio para combater a direita política cheia de ódio, ansiosa pelo sangue, por mortes, pelo poder, pelas guerras que se espalharam. Nada passou desapercebido pelo universo energético do Planeta onde não julgamento. O que há é energia e ela move-se de acordo com a qualidade impregnada, o calibre. De nada adiantou a humanidade tentar negar as guerras passadas, tirá-los dos livros, queimá-los. A toxidade da energia do ódio é densa, gruda, não desiste nunca. Negar ou travestir a negação com positividade tóxica foi o que fizeram os judeus na Alemanha. O líder nefasto mandava pessoas para os fornos, enquanto judeus-alemães e não-judeus alemães diziam: isso não é conosco. Vai passar!
Ser positivo e otimista, sem toxidade, é ajudar as pessoas a sobreviver em momentos difíceis, onde a fragilidade das relações de trabalho submerge à superfície e faz as pessoas ficarem desesperadas com medo de faltar comida. É deixar de lado as diferenças politicas para abraçar as necessidades humanas e proteger a população, mesmo aqueles que não querem ser protegidos, que farão tudo ao contrário do recomendado só para se firmarem (para eles mesmos) como “do contra”, nem que isso custe a própria vida.
É ficar em casa para não se contaminar nem contaminar aos outros. É anotar, para não esquecer, quem está indo contra a vida no país, negando a pandemia, tentando tirar proveito político dela ou substituindo-a por problemas familiares ou usurpação do poder político enquanto deveria estar à frente da luta pela vida no desespero dos hospitais. O momento agora é de agir ou simplesmente deixar de agir (ficando em casa) para que essa ação contribua para a diminuição da contaminação coletiva, como muitos países do mundo fizeram.
O momento exige que sejamos construtivos, objetivos, práticos, sem pieguice. O terapeuta (o profissional de saúde) precisa sair da toca agora, nem que seja pela internet, para contribuir, ouvindo as pessoas e ajudando a elas a colocar os pés no chão e não encobrindo (negando) o desespero porque uma pessoa desesperada não ajuda nem a ela mesma. Falsas promessas de dias melhores podem ofuscar a necessidade de a pessoa rever o seu interior, a sombra guardada, escondida, negada, a vida tóxica ou parada que leva.
Que adianta tirar uma pessoa da favela miserável e a pessoa levar consigo, onde for, aquela mesma favela miserável? Quantas pessoas aparentemente instruídas se negam a usar uma simples máscara? Esse vírus veio ensinar a todos nós. A humanidade precisava de uma guerra sem armas porque, aparentemente, as muitas guerras com armas não serviram para mudar muita gente, só mataram pessoas.
Sem jamais ter vivido em seu solo uma guerra com arma, o país parece multiplicar, a cada dia, a arrogância de pretender ser melhor que todo o Planeta. Basta o indivíduo vestir uma camisa amarela que se torna cego e sem bengala. Vira um personagem a mais, passível de manipulação ideológica ou religiosa. Age coletivamente como animais no pasto e sem dono, replicando pela internet uma necessidade extrema de alegria, como se a vida fosse um grande carnaval, embora milhares de pessoas estão doentes ou mortas enquanto você ler este artigo.