A “Agência Folha” publica em 14 de fevereiro matéria assinada por Angela Pinho e Matheus pichonelli, segundo a qual o governo brasileiro autoriza a utilização de mais 71 plantas medicinais nativas para o uso fitoterápico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com verba federal. Esta é uma novidade que surpreende os profissionais da fitoterapia porque antes desta decisão apenas dois fitoterápicos usavam verba federal, o que significa que o governo começa a acordar para a rica biodiversidade brasileira em termos de plantas mediciais. Quero dizer, só falta o governo liberar mais de 50 mil plantas. Imagine 50 mil plantas sendo utilizadas pelo Sistema Único de Saúde? Seria uma revolução maior do que a que aconteceu na China em 1948 e na India depois da libertação da colônia do Império Britânico. Esses países já provaram que a fitoterapia tem um leque enorme de vantagens, baixo custo, fonte natural (não é química criada em laboratórios) e proporciona milhares de empregos e outros benefícios à população, especialmente a de baixa renda, e, acima de tudo, pode ser utilizada como prevenção da doença.
É interessante notar que todas essas plantas agora liberadas pelo governo já são do uso popular há séculos. Será que neste século ainda veremos a liberação das mais de 50 mil existentes e centenas delas já utilizadas pelo povo há séculos? A minha avó daria gargalhada com a lista, especialmente porque ela é óbvia demais e isso significa que vai demorar muito ainda a liberação das mais de 50 mil…
Segundo a matéria, “a relação inclui plantas nativas que já são tradicionalmente usadas pela população com fins terapêuticos e que poderão ser cultivadas em pelo menos uma macrorregião do país. Foram selecionadas plantas com potencial para serem utilizadas no combate a inflamações, hipertensão, infecções na garganta, úlceras, aftas, vermes, diarreia, osteoporose, sintomas da menopausa e do diabetes, entre outros problemas de saúde. Entre elas, estão produtos como babosa, usada no combate à caspa e à calvície, camomila (para dermatites), alho (anti- inflamatório), caju (cicatrizante), abacaxi (para secreções), carqueja (para problemas estomacais), pitanga (para diarreia) e soja (para sintomas da menopausa e da osteoporose)”.
“Em Cuiabá, já existe um programa municipal que utiliza 20 plantas e orienta os moradores a fazerem hortas em casa. Segundo Isanete Bieski, supervisora do Programa Municipal de Plantas Medicinais e Fitoterapia, da Secretaria da Saúde de Cuiabá, parte das plantas que constam da lista já é cultivada em quintais e utilizada rotineiramente pela população”. “Nos últimos dois anos, o número de prefeituras que disponibilizam medicamentos fitoterápicos pelo SUS subiu de 116 para 350, chegando a 6,3% dos municípios em 2008. O governo, que anunciou em dezembro a aprovação de um programa nacional de plantas medicinais e fitoterápicos, estuda a criação de uma linha especial de financiamento para as pesquisas relacionadas às 71 plantas. Outra ideia é que haja um incentivo para que o plantio seja feito por meio da agricultura familiar”.
Veja a relação das “novas” plantas autorizadas: Achillea millefolium, nome popular: Mil-folhas, Dipirona, uso: combate úlceras, feridas, analgesica; Allium sativum, nome popular: Alho, uso: Anti-séptico, Antiiflamatório e Anti-hipertensivo; Aloe spp (A. veraou A. barbadensis), nome popular: Babosa, áloes, uso: combate caspa, calvíce e é antisseptico, tira lendia de piolhos e é cicatrizante; Alpinia spp (A. zerumbet ou A. speciosa), nome popular: Colônia, Uso: Anti-hipertensivo; Anacardium occidentale,nome popular: Caju, uso: Antisseptico e cicatrizante, Nanas comosus, Nome popular: Abacaxi, Uso: mucolítica e fluidificante das secreções e das vias aéreas superiores;Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea, Nome popular: Jucá, pau-ferroverdadeiro, ibirá-obi, Uso: Infecção catarral, garganta, gota, cicatrizante, Localização: Centro Oeste e Mato Grosso; Arrabidaea chica, nome popular: Crajirú, carajiru, uso: Afeções da pele em geral (impigens), feridas, Antimicrobiano, Centro Oeste; Artemisia absinthium, Nome popular: Artemísia, Uso: Estômago, fígado, rins, verme (lombriga e oxíuru, giárdia e ameba); Baccharis trimera, nome popular: Carqueja, arquejaamargosa, Uso: combate feridas e estomáquico; Bauhinia spp (B. affinis, B. forficata ou variegata), Nome popular: Pata de vaca; Bidens pilosa, nome popular: Picão, uso: combate úlceras;Calendula officinalis, Nome popular: Bonina, calêndula, flor-de-todos-osmales, malmequer, Uso: feridas, úlceras, micoses; Carapa guianensis, nome popular: Andiroba, angiroba, nandiroba, uso: combate úlceras, dermatoses e feridas; Casearia sylvestris,nome popular: Guaçatonga, apiáacanoçu, bugre branco, café-bravo, uso: combate úlceras, feridas, aftas, feridas na boca; Chamomilla recutita = Matricaria chamomilla= Matricaria recutita, nome popular: Camomila, uso: combate dermatites, feridas banais; Chenopodium ambrosioides, nome popular: Mastruz, erva-de-santa- maria, ambrosia, erva-debicho, mastruço, menstrus, uso: Corrimento vaginal, antisseptico local; Copaifera spp, Nome popular: Copaíba, Uso: antiinflamação; Cordia spp (C. curassavica ou C. verbenacea), Nome popular: Erva baleeira, Uso: Antiiflamatoria,Costus spp (C. scaber ou C. spicatus), nome popular: Cana-do-brejo, uso: combate leucorréia e infição renal, Croton spp (C. cajucara ou C. zehntneri), nome popular: Alcanforeira, herva-mular, péde-perdiz, Uso: combate feridas, úlceras; Curcuma longa,nome popular: Açafrão; Cynara scolymus, nome popular: Alcachofra, uso: combate ácido úrico; Dalbergia subcymosa, nome popular: Verônica, uso: Auxiliar no tratamento de inflamações uterinas e da.anemia; Eleutherine plicata, nome popular: Marupa, palmeirinha, uso: Hemorróida, vermífugo; Equisetum arvense, nome popular: cavalinha, uso: diurético; Erythrina mulungu, nome popular: Mulungu, uso: Sistema nervoso em geral; Eucalyptus globulus, nome popular: eucalipto, uso: combate leucorréia; Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana, nome popular: Pitanga, uso: Diarréia; Foeniculum vulgare, nome popular: Funcho, uso: anti-séptico, Glycine max, Nome popular: Soja, Uso: sintomas da menopausa, oesteoporose; Harpagophytum procumbens, Nome popular: garra-do-diabo; Uso: Artrite reumantoide; Jatropha gossypiifolia, nome popular: Peão-roxo, jalopão, batata-de-téu, uso: antisseptico, feridas; Justicia pectoralis, Nome popular: anador, Uso: cortes, afecções nervosas, catarro bronquial;Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum, nome popular: Folha-da-fortuna, uso: furúnculos; Lamium album, nome popular: Urtiga-branca, uso: leucorréia; Lippia sidoides, Nome popular: estrepa cavalo, alecrim, alecrim-pimenta; Malva sylvestris,Nome popular: malva, malva-alta, malva-silvestre, Uso: furúnculos; Maytenus spp (M. aquifolium ou M. Ilicifolia, Nome popular: concorosa, combra-de-touro, espinheira-santa, concerosa, Uso: antiséptica em feridas e úlceras; Mentha pulegium, Nome popular: poejo; Mentha spp (M. crispa, M. piperita ou M. Villosa; Nome popular: hortelã-pimenta, hortelã, menta; Mikania spp (M. glomerata ou M. laevigata), Nome popular: Guaco, Uso: broncodilatador; Momordica charantia, Nome popular: Melão de São Caetano; Morus sp, Nome popular: amora; Ocimum gratissimum, Nome popular: alfavacão, alfavaca-cravo; Orbignya speciosa, Nome popular: babaçu; Passiflora spp (P. alata, P. edulis ou P. incarnata), Nome popular: maracujá, Uso: calmante; Persea spp (P. gratissima ou P. americana), Nome popular: abacate, Uso: ácido úrico, prevenir queda de cabelo, anti-caspa; Petroselinum sativum, Nome popular: falsa; Phyllanthus spp (P. amarus, P.niruri, P. tenellus e P. urinaria), Nome popular: erva-pombinha, quebra-pedra; Plantago major, Nome popular: tanchagem, tanchás, Uso: feridas;Plectranthus barbatus=Coleus barbatus, Nome popular: Boldo; Polygonum spp (P. acre ou P. hydropiperoides), Nome popular: erva-de-bicho, Uso: corrimentos; Portulaca pilosa, Nome popular: amor-crescido, Uso: feridas, úlceras; Psidium guajava, Nome popular: goiaba, Uso: leucorréia, aftas, úlcera, irritação vaginal; Punica granatum,Nome popular: romeira, Uso: leucorréia; Rhamnus purshiana, Nome popular: cáscara sagrada; Ruta graveolens, Nome popular: arruda; Salix alba, Nome popular: salgueiro branco; Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira, Nome popular: araguaíba, aroeira, aroeira-do-rio-grande-do-sul, Uso: feridas e úlceras; Solanum paniculatum, Nome popular: jurubeba; Solidago microglossa, Nome popular: arnica, Uso: contusões;Stryphnodendron adstringens = Stryphnodendron barbatimam, Nome popular: Barbatimão, abaremotemo, casca-da-virgindade, Uso: Leucorréia, feridas, úlceras, corrimento vaginal; Syzygium spp (S. jambolanum ou S. cumini), Nome popular: jambolão; Tabebuia avellanedeae, Nome popular: ipê-roxo; Tagetes minuta, Nome popular: cravo-de-defunto; Trifolium pratense, Nome popular: trevo vermelho; Uncaria tomentosa, Nome popular: unha-de-gato; Uso: imunoestimulante, antiinflamatório;Vernonia condensata, Nome popular: boldo da Bahia; Vernonia spp (V. ruficoma ou V. polyanthes), Nome popular: assa-peixe; Zingiber officinale, Nome popular: gengibre, Uso: tosse. Observações: a aplicação medicinal depende da parte da planta utilizada (caule, semente, fruto etc). Fontes: Ministério da Saúde (para os nomes científicos), estudos e Secretaria Municipal de Cuiabá (para nomes populares e usos possíveis)”.